domingo, 29 de novembro de 2009

O verdadeiro Mestre da Olaria em entrevista...

Oleiro: Manuel Teixeira, 84 anos - Gondar, Amarante
O C.P.G esteve à conversa com o oleiro mais antigo da freguesia de Gondar e quiçá de Amarante, já que Gondar é por excelência a terra do Barro Negro. Manuel Teixeira, de 84 anos, natural de Gondar contou ao C.P.G os seus tempos de infância e adulto, desvendando a vida por detrás de um oleiro bastante conceituado.
Manuel teve uma infância muito ligada ao trabalho familiar, já que não altura, eram muitos irmãos e o dinheiro escasseava-se lá por casa. Assim sendo, desde cedo começou a arte que o seu pai e avô já haviam começado – a olaria: o trabalho no Barro Negro.
Estávamos
por volta de 1935 e Manuel, ainda muito jovem ia com os seus irmãos à procura da matéria-prima, o barro, chegando a ir a Carneiro, perto da igreja buscá-lo! Conta, que naquela altura ganhava-se muito pouco e era preciso muito trabalho, para se conseguir comer. Passou muita fome, até que um dia resolveu o problema! Qual o nosso espanto, quando este oleiro, nos diz que numa das vendas que fez, na Aparecida – Vila – Meã, aproveitou o dinheiro, para comprar uma viola, que baptizou com o nome de Amarantina. Mas qual a relação de uma viola com a fome, perguntam vocês! Pois bem, Manuel, sempre que tinha fome tocava viola para «espalhar a dita fome», conseguindo assim a sua barriga aguentar mais algumas horas!
O nosso entrevistado revela, que n
aquela altura o trabalho no barro dava muito trabalho e não obtinha grandes lucros do mesmo. Era preciso encontrar o barro, pô-lo a secar, picar, peneirar, e só depois é que se passava para a roda, onde se moldava e se obtinha a peça. Naquela altura, os fregueses optavam muito pelas panelas em barro, assadores, chocolateiras (onde segundo fontes próximas de quem tomou do café lá preparado, afirma que era uma delícia) e depois havia a indústria dos fundidores de ouro, que no caso de Manuel, eram enviados para Gondomar. Depois de moldada, era necessário cozer a peça. Reza a história, que na altura em Gondar existiam muitos oleiros e como tal, construíram uma suenga, que era comum a muitos oleiros. Aí, cada um levava lenha, argaço, colocava a louça toda encaixada, uma em cima da outra, espalhavam grandes montes de argaço, aquilo começava a queimar e depois cobriam com terra, para se cozer toda esta louça. Em média, de manhã cedo coloca-se lá a louça, na suenga, que é uma espécie de buraco redondo no chão, e só à tardinha é que estava bem assada.
Depois de feita, estava pronta a vender. Os vendedores, ou vendedeiras, assim chamadas, ou acartavam a louça à cabeça, ou então iam no burro, que montavam de manhã cedo para irem para muito longe. Cada peça na altura rondaria as cinco coroas, que dava para um pouco de pão!

Foram tempo difíceis para este homem e em geral para todos os oleiros, mas o tempo foi passando e Manuel Teixeira levou a conhecer o seu trabalho a muitos locais, nomeadamente em feiras a nível local, no Porto - exposições no Palácio de Cristal, chegando além fronteiras, nomeadamente em Paris, na Câmara Municipal.
Aos 84 anos, Manuel Teixeira, orgulha-se de ter sido o professor de muitos, que com ele quiseram aprender esta arte, nomeadamente, um dos mais jovens oleiros na freguesia de Gondar, César Teixeira, evitando assim, que esta arte tão antiga, com uma história tão recheada pelo meio, se perca no tempo e no espaço.

Obrigado Manuel Teixeira, por ter contribuído com que a freguesia de Gondar, no concelho de Amarante ficasse conhecida como a terra do barro preto, do barro negro, peças que hoje em dia são muito procuradas pelos turistas, por toda a carga simbólica que rodeia esta arte.
Já imaginou um arroz feito numa caçarola de barro cozida no forno a lenha!?
E um chocolate quente acabado de ser feito na chocolateira!?

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Padre António Gonçalves Foz marcou gerações...

António Gonçalves Foz nasceu a 23 de Julho de 1926. Filho de Carlos Gonçalves Foz e Maria Teixeira Gonçalves, desde sempre sentiu a vocação de ser padre. Foi ordenado a 16 de Abril de 1949.

Os catequizandos do 5.º ano decidiram ir visitar o Sr. Padre, ficando assim a conhecer alguma da sua história de vida. Para além do pequeno tributo que prestaram ao professor, colocaram outras questões que abaixo apresentamos:



1) Desde sempre quis ser padre, quem o incentivou?
Sim desde sempre quis ser padre, sempre foi o meu sonho e hoje quase a completar 83 anos não me arrependo de nada. Na altura em que entrei para o seminário com 11 anos tive a ajuda do Padre Manuel Marques Figueira.

2) Onde e como iniciou a sua carreira no seminário?
Como disse entrei para o seminário com apenas 11 anos. Comecei por estudar no Colégio de Ermesinde, fui depois para o Seminário de Vilar e finalmente tirei o meu curso de Teologia no Seminário da Sé. Com 22 anos termino o curso e começo a dar aulas no Seminário de Vilar. Dois anos mais tarde, venho para o Colégio de S. Gonçalo (Amarante) onde leccionei português, história e geografia. Fui professor durante aproximadamente 44 anos.


3) Era um professor muito exigente para com os seus alunos?
Sim era, mas também muito compreensivo e sempre mantive uma boa relação com os meus alunos.


4) Qual foi a primeira paróquia onde esteve?
Foi em Lufrei Amarante. Depois vim para aqui (Gondar) onde estive mais de 50 anos.

5) Que escritor português o marcou mais?
Almeida Garrett pelo seu estilo sem dúvida.

6) Viajou imenso, que terras é que conheceu?
Imenso mesmo. Fui 23 vezes à Terra Santa. Já estive, entre outros, na Jordânia, no Egipto, na Turquia, em Itália, França, Hungria, Áustria, Suíça, Espanha, …

7) Tem ou teve algum ídolo na sua vida?
A minha mãe.
8) Se lhe fosse permitido fazer algum milagre na sua vida terrena, qual seria esse milagre?
Ajudar os mais pobres, criancinhas que morrem de fome e santificar a juventude, um apelo para que os jovens se interessem mais pela sua religião.
9)Como vê a Igreja do século XXI?
Com muita esperança, muita fé, Deus é grande e misericordioso.

Conhecémos ainda as duas empregadas do Padre António Foz. A primeira que esteve com ele ainda na paróquia de Lufrei, Maria José Gonçalves Azevedo, durante 14 anos, e depois Alzira Carvalho Alves que o acompanha há mais de 50 anos na Casa Paroquial de Gondar.

PADRE FOZ QUANDO ERA MAIS JOVEM.

MARIA TEIXEIRA GONÇALVES, SUA MÃE


CARLOS GONÇALVES FOZ, SEU PAI



UMA BIBLIOTECA CHEIA DE HISTÓRIA...


MARIA JOSÉ GONÇALVES AZEVEDO, PRIMEIRA EMPREGADA EM LUFREI.


ALZIRA ALVES, SUA EMPREGADA EM GONDAR HÁ MAIS DE 50 ANOS...



PADRE GASTÃO, SEU ANTECESSOR NA PARÓQUIA DE GONDAR



RESTA AGRADEÇER MAIS UMA VEZ A GENTILEZA DO PROFESSOR PADRE ANTÓNIO FOZ, ASSIM COMO A TODOS OS INTERVENIENTES, UM BEM HAJA!