domingo, 13 de fevereiro de 2011

ENTREVISTA EXCLUSIVA À JORNALISTA DA TVI, INÊS PEREIRA



1) Inês quando em pequena alguém lhe perguntava o que gostaria de ser, qual era a sua resposta? Algum motivo em particular?
Não sabia o que queria ser concretamente, mas que estaria ligado à comunicação sim. As minhas brincadeiras de infância estavam sempre ligadas a música, tinha sempre qualquer coisa a fazer de microfone (risos). Imaginava espectáculos e fazia de apresentadora. Depois aos 14 fiz uns testes, antes de escolher a área que teria de seguir, e aí sim confirmou-se a minha área era mesmo comunicação, mas ainda tive dúvidas se não queria ser advogada. Mas pouco tempo depois decidi mesmo que queria ser jornalista.



2) Quando tinha os seus 14, 15 anos e olhava para a televisão em sua casa, quais eram os comunicadores em que mais fixava o olhar? Porquê?
Não sei se na altura tinha essa idade mas gostava muito de ver o Pedro Mourinho apresentar o “Caderno Diário” na RTP2.



3) Nessa altura pensava que um dia, também a Inês podia fazer parte dessa caixa mágica, a que chamamos de televisão?
Sim claro, assistia ao programa e pensava que um dia também eu poderia ser apresentadora de um programa para jovens.



4) Forma-se em ciências da comunicação pela Universidade do Algarve. Dentro do curso, de forma inequívoco qual foi a unidade curricular que mais a marcou porquê?
Sem dúvida as cadeiras de rádio e televisão, mas mais a cadeira de rádio. Adorei fazer algumas reportagens, editar os sons e depois encontrar palavras para transportar o ouvinte para o cenário da notícia. Foi essa cadeira que me fez decidir que na altura do estágio iria escolher rádio.
5) Onde fez o seu estágio curricular?
Fiz na Rádio Solar em Albufeira. Mas o meu caso foi diferente dos meus colegas, pois enquanto realizei o estágio já estava a trabalhar, com contrato.


6) Em Agosto de 2002 após ter terminado o curso inicia a sua carreira na rádio, inclusivamente com moderação de debates políticos. Como é que foi este 1.º impacto numa área sempre tão complexa, como a política?
Os debates políticos só chegaram quase dois anos depois, até lá houve um percurso no qual fui crescendo como profissional. Os debates políticos acontecem já eu estava a trabalhar como correspondente para a TVI. A direcção da Rádio Solar convidou-me para moderar em conjunto com a colega residente um debate com todos os candidatos à Câmara de Albufeira. Foi uma experiência muito gratificante, fiz o que me competia, colocar-me no lugar do ouvinte, do eleitor, e questionar quem ali estava a defender ideias e convicções. Não acho a política complexa, é uma área que me atrai bastante. Como em qualquer outra é preciso estar actualizada, acompanhar o que se passa e acima de tudo questionar, questionar muito. Saber interpretar o que nos dizem.


7) A sua entrada como jornalista correspondente da TVI no Algarve dá-se em 2004. Quer nos falar um pouco da experiência do seu primeiro directo para a televisão independente? Ainda se lembra quem estava a apresentar o Jornal à época?
O meu primeiro directo acontece no âmbito do “caso Joana”. Foi à porta do Tribunal de Portimão, no primeiro dia de julgamento da mãe e do tio da menina. Fiz 5 directos para o Diário da Manhã, se a memória não me falha quem estava a apresentar era o José Carlos Araújo. O Jorge Nuno Oliveira editava e foi uma voz muito importante no meu ouvido. Deu-me tranquilidade e segurança. Mas o aperto no estômago é impossível de não sentir. O peso da responsabilidade é mais forte e tudo se ultrapassa. Mas como fiz 5 directos seguidos durante o período da manhã, pareceu-me no fim, que não era assim tão assustador como parecia.


8) Sendo correspondente a verdade é que têm de se manter bastante actualizada nas diversas áreas, desde o desporto, à economia, à política, enfim, um pouco de tudo. Quer nos expor um pouco a sua rotina diária.
O bom de tudo isto é que não há rotina. Na maioria das vezes sei a que horas saio de casa, nunca a que horas regresso. Se não tiver serviço marcado, de manhã é obrigatório ler os jornais, consultar a internet e estar atenta também aos media regionais. Depois é um trabalho de pesquisa que se faz todos os dias, contactos com as fontes, com as pessoas que vamos conhecendo.


9) Qual foi o directo mais caricato, talvez pelas características dos entrevistado, que teve até hoje e que nunca esquecerá?
Mais caricato não pelo entrevistado mas pela situação em si. Sexta-feira 13, jantar dos 13 organizado pelo professor Herrero. Fechei o Jornal Nacional com um directo do início do jantar. O entrevistado quis estar com um gato preto ao colo. Diga-se a bem da verdade que não era um gato pequeno, e estava muito assustado. Passei toda a entrevista a pensar em que momento o gato se iria assanhar e atirar-se para cima da minha cara. Acabou bem.


10) Provavelmente pelo mediatismo que o Caso “Madeleine McCann” atingiu, a Inês viu aqui a investigação jornalística ao mais alto nível. Como teve à época conhecimento do caso?
Estava a sair de Faro para uma reportagem, recebo um telefonema para voltar para trás pois tinha de ir para a Praia da Luz. Uma menina inglesa de 3 anos estava desaparecida. Uma televisão britânica estava a falar do caso.


11) Sendo uma das jornalistas que assistiu ao desenvolvimento de todo este processo como analisa os contornos que este atingiu?
Nunca pensei estar perante um caso mundial. Os contornos que o caso atingiu eram impensáveis, creio eu, mas tal como todos os outros jornalistas no terreno as coisas foram acontecendo e tornaram-se previsíveis.


12) Acredita que a pequena Madeleine ainda esteja viva, ou na sua perspectiva isto não faz qualquer sentido?
Não faz sentido. O que quer que tenha acontecido a Madeleine, com as proporções que o caso tomou, é impossível que esteja viva. Se foi realmente raptada, quem quer que a tenha levado teve de tomar uma decisão para a fazer desaparecer para sempre.


13) Acredita que houve pressão política em todo este caso?
Acredito.


14) Tendo já trabalhado numa rádio local deve-se ter apercebido das dificuldades que muitas vezes os jornalistas têm de ultrapassar para conseguir fazer o seu papel de informadores da sociedade, sem qualquer limitação, sem qualquer tipo de censura! Isto é o que deveria acontecer, mas nem sempre corresponde à realidade, pois não? Que papel deve assumir o jornalista no meio muitas vezes, destes bastidores políticos?
Sempre soube manter as devidas distâncias. Mantenho relações de amizade com pessoas influentes com poder de decisão, e sempre soube separar as águas. Quando exerço a minha profissão sou jornalista, e esforço-me por ser isenta.


15) Rádio, televisão ou imprensa? Porquê?
Neste momento um pouco de tudo. Rádio é uma paixão. Televisão é viciante. Imprensa estou agora a explorar.


16) Para terminarmos esta nossa conversa que conselho gostaria de deixar aos futuros jornalistas deste país?!
Lutem, este não é um meio fácil, está lotado. Se as coisas forem feitas com paixão e algum espírito de sacrifício tudo é possível e os sonhos podem tornar-se realidade. Acima de tudo começar cedo na área, aproveitar as férias escolares para pequenos estágios.

Sem comentários:

Enviar um comentário