domingo, 3 de abril de 2011

ENTREVISTA EXCLUSIVA À JORNALISTA DA TVI, CLÁUDIA LOPES


A ideia que o futebol é um espaço do «Homem Macho», à muito que deixou de ser uma realidade entre os homens, ou não… A verdade é que as mulheres no meio do futebol ainda são olhadas com alguma desconfiança e sarcasmo. Todavia, a jornalista da TVI, Cláudia Lopes, vem colocar de lado totalmente esta ideia, sendo exemplo de triunfo no meio da modalidade desportiva.


1) Cláudia, durante a sua infância preferia pentear o cabelo às suas bonecas ou não dispensava um bom jogo de futebol com os seus amigos?
Nunca tive o mínimo jeito para o futebol, nem nada que se pareça! Sempre pratiquei desporto, é facto, mas considero que algumas vezes tenha sido “Maria-Rapaz”.

2) Com que idade se apercebe que o mundo do jornalismo iria marcar a sua vida futura?
Tinha 22 anos quando fui estagiar para a RTP e logo percebi que o bicho tinha ficado cá dentro. Só em 1998 comecei no jornalismo desportivo e sem ser uma passagem planeada, antes pelo contrário…

3) Acaba por se formar onde?
Licencie-me no Instituto Superior de Comunicação Empresarial.

4) Quando era pequena quais eram os seus principais ídolos no futebol?
Não tinha! Não ligava nenhuma e não fazia ideia… mas se há um nome que me ficou, foi o de Maradona!

5) Quais foram as suas primeiras experiencias no mundo do jornalismo?
Foi como já referi, em 1992, quando fui estagiar para a RTP.

6) Como surge o convite de ir trabalhar posteriormente para a TVI?
Surge no fim de 2008 quando se começou a preparar a abertura do TVI24.

7) A Cecília Carmo possivelmente sempre lhe serviu de referência profissional, ou não fosse ela uma das primeiras jornalistas a estar ligada ao mundo do desporto. Que recordações guarda da época em que a via apresentar este tipo de magazines informativos?
Confesso que não tinha apetência pela informação desportiva antes de chegar ao desporto em 1998, lembro-me de ver apenas os grandes eventos, como os Jogos Olímpicos ou os Mundiais de Futebol, mas não era uma espectadora assídua!

8) O futebol continua ainda a ser muito machista. Concorda ou discorda totalmente desta afirmação? Porquê?
Não considero que seja machista, mas é um universo muito masculino! São coisas diferentes.

9) Como é que foi a reacção da sua mãe e do seu pai ao entrar num mundo até então, tão masculino?
Não tiveram reacção, nem boa nem má. Porque o jornalismo desportivo surgiu, não foi uma escolha nem um projecto.

10) Possivelmente tem algumas situações caricatas quando inicia a sua especialização no jornalismo desportivo, tipo comentários por parte de alguns homens ou até mulheres, lembra-se de algumas?
Quando comecei, ainda eram muito poucas as mulheres nesta área, tive algumas situações engraçadas e outras menos… mas genericamente sempre fui muito bem tratada e aceite num mundo mais masculino! Mas o mais normal de ouvir é que afinal sou mais baixinha do que pereço na televisão! 

11) A sua voz é muito característica dos relatos de futebol. Costuma ter alguns cuidados com ela, ou faz a sua vida normal sem nenhuma preocupação em especial?
Sem qualquer preocupação… até com alguns abusos… como são as bebidas geladas no Verão.

12) Foi uma das enviadas ao Mundial da África do Sul. Como é que foi esta experiência onde Portugal saiu derrotado?
A cobertura de um Mundial é sempre um momento especial para um jornalista, mais ainda tratando-se do primeiro Mundial em África! Foi uma experiência fantástica. Quanto ao desempenho da selecção, acho que tínhamos equipa e capacidade para ir mais à frente!

13) Actualmente apresenta programa «Mais Futebol» e ainda «Jornada» com o Sousa Martins. Como é trabalhar ao lado do Sousa Martins?
Sim, às sextas à noite no TVI24. O Jornada que apresento com o Sousa Martins: é uma experiência muito boa, porque já nos conhecemos há muitos anos. É sempre bom trabalhar com alguém que respeitamos profissionalmente e que é um grande amigo.

14) Acredita que existam algumas desvantagens para as mulheres jornalistas no mundo do futebol ou é exactamente a mesma coisa?
Não acredito nisso. Antes pelo contrário, acho que somos mais bem tratadas, com mais atenção e mais educação.

15) Uma das questões possivelmente mais ambíguas é a arbitragem, não arrisca muito neste campo, ou sente-se confortável?
Deixo isso para quem sabe, ou seja para o nosso comentador Pedro Henriques.

16) Cláudia, porquê que o futebol feminino português ainda não se encontra tão desenvolvido? Que barreiras são necessárias quebrar?
Acho que em Portugal gostam mais dos clubes do que de futebol e isso condiciona, e muito, o desenvolvimento do futebol feminino.

17) Que ingredientes são necessários para se ser um bom jornalista na área do desporto?
Os mesmos que para ser bom jornalista em qualquer outra área. Seriedade e rigor.

18) Para quando um jogo feminino da equipa de senhoras jornalistas e pivôs da TVI? Já agora quem seria a sua guarda-redes e porquê?
Lol! Não acho que isso algum dia possa acontecer!

19) Se a Susana Bento Ramos a convidasse para uma viagem numa daquelas motas de competição. Era mulher para aceitar o desafio?
Já tive o privilégio de dar duas voltas ao autódromo do Estoril à pendura de um senhor chamado Randy Mamola, por isso estou pronta para tudo!

20) No meio de tanto futebol consegue ter algum clube do coração ou prefere manter o anonimato?
Como quase todos os portugueses tenho clube… mas prefiro que a escolha não seja pública!

21) Fernando Correia um grande jornalista ligado ao desporto. Recebeu alguns conselhos desta grande figura do desporto?
O Fernando é de facto uma pessoa e um profissional que muito admiro, como ele como com muitos outros profissionais acho que tenho muito a aprender!

22) José Mourinho. Já teve a oportunidade de entrevistar esta grande figura do futebol. Quais as principais características que apreendeu deste grande líder?
Sim já o entrevistei. Acho que o mais importante, é que há dois Mourinhos: a figura pública e o homem. E são duas personagens diferentes!

23) Projectos para o ano de 2011?
Ui! Esta é a pergunta mais complicada! Não sou de grandes projectos. Porque depois se não se concretizarem lidar com a desilusão é muito mais complicado. Mas os projectos em que estou envolvida na TVI são de facto a minha grande prioridade para este ano!

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