domingo, 6 de dezembro de 2009

Américo Moreira e esposa levam-nos numa viagem ao passado... A cestaria e a tecelagem. Os verdadeiros Mestres!.

Continuando à descoberta dos talentos na freguesia de Gondar, Amarante, estivemos à conversa com Américo Moreira, um artesão na área da cestaria com 80 anos de idade.
Quando lhe perguntamos de quem partiu este gosto pela cestaria, pelo trabalho na madeira, nas vergas, Américo contou-nos uma história da sua infância. O seu pai era lavrador e naquela altura era hábito os filhos irem ajudar os pais nas tarefas do campo de sol a sol. Nos
momentos de descanso, nomeadamente, antes de ir jantar, Américo trancava-se num beiral que tinha lá em casa e começava a fazer as suas primeiras peças. Lembramos os nossos leitores, que nessa altura, o pequeno Américo tinha apenas 10 anos, muito pequeno, mas já com um enorme talento para a cestaria.
Procurámos perceber a dinâmica da construção da peça, desde a matéria-prima até ao produto final. Ora segundo o artesão, as principais madeiras que utilizava eram: o lodo, o castanho, a mimosa, que colhia por exemplo nos campos. Depois de cortada a madeira e atenção, que segundo ele nunca podia ser cortada em dia de lua nova, porque senão a madeira apodreceria rapidamente, o artesão confeccionava de imediato a peça ou então poderia colocar a madeira em água, durante um a dois meses no máximo.
Segundo ele, a matéria que mais utilizava era o lodo, por alguns motivos, nomeadamente porque era mais macio para o trabalho de peças mais pequenas, cestas para o pão por exemplo, ou então o zangarinheiro, que segundo ele dava um tom bastante amarelado à peça e também era fácil de trabalhar!

Na construção da cesta, que se pode ver na imagem, a primeira etapa começa em colocar o fundo. Para isso foram utilizadas quatro vergueiros. De seguida, tapam-se os espaços e finalmente os lados eram apertados com o «apertador».
As cunhas serviam para levantar o vergueiro sempre que necessário. Eram usadas foices, que não podiam ter «peito», porque senão esse, estorvava de bater no «apertador».
Depois havia a foice de duas mãos, utilizada para compor a madeira.
Américo construiu um banco próprio, o chamado «banco de lavrar
a madeira», onde se sentava para aí a trabalhar. Esse banco tinha características muito próprias, nomeadamente um braço inclinado onde era colocada a madeira, para ser mais fácil de apertar debaixo das axilas do artesão. Esse mesmo banco tinha um pedal que funcionava por acção dos pés do artesão.
Fazia vários artigos, desde cestas para o pão, condessas,
cestos para as vindimas, escadas, onde havia preocupação de deixar entre cada passada na escada, uma determinada medida, para evitar que o agricultor ficasse lá com o joelho preso, aquando da subida ou descida.

Falámos também com a sua companheira, a dona Cândida, que nos mostrou alguns dos seus instrumentos de trabalho na tecelagem de antigamente. Abaixo podem ver o que resta ainda, de uma vida de trabalho.

(Na imagem esquerda uma espadela e na direita um fuso)
Muito obrigado a ambos pelas explicações e certamente que este trabalho, é outras das artes que engrandece esta freguesia, Gondar – Amarante.










(A sua roca)





Na imagem da cesta em cima, por de baixo está o espanador que era utulizado para abanar o lume, Já do lado esquerdo do espanador está uma cunha. À beira das escadas está por cima o banco de lavra à madeira e à direita, o apertador. Cá em baixo podemos ainda ver um forno antigo de cozer o pão!

7 comentários:

  1. Fotografias lindíssimas!
    Teresa

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  2. Sem dúvida Teresa, um Oásis no deserto!

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  3. Aprendam com «povo» sem voz mas eloquente de verdade, srs políticos do nosso descontentamento!

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  4. Excelente retrato das vivências de uma freguesia especial!

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  5. Olá Ricardo:
    O que eu gostei da expressão "um banco de lavrar madeira"... Lindo, mesmo!
    Parabéns pelo post e pela valorização das 'coisas' tradicionais.:))
    Beijinho

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  6. Talvez lhes interesse ver os 14 (catorze) dos 16 (dezasseis) vídeos que ontem e hoje postei na YouTube.
    Seguem os links para visionarem os mesmos:
    http://www.youtube.com/watch?v=VTPh2JBjYSc
    http://www.youtube.com/watch?v=2GZqJG9Fnyk
    http://www.youtube.com/watch?v=zMa9P93bol8
    http://www.youtube.com/watch?v=Q0IGpr9w-74
    http://www.youtube.com/watch?v=H9__w3QJmMU
    http://www.youtube.com/watch?v=5pAjjMNcxqI
    http://www.youtube.com/watch?v=kYzRIB-REDM
    http://www.youtube.com/watch?v=FnpGpcIgjr0
    http://www.youtube.com/watch?v=ACeoOx8cjNA
    http://www.youtube.com/watch?v=IamKH6W50e0
    http://www.youtube.com/watch?v=sLcxhYyAnKc
    http://www.youtube.com/watch?v=nvDI60aPWHI
    http://www.youtube.com/watch?v=BV2763mVu4E
    http://www.youtube.com/watch?v=rfX_Jpgq1VM
    http://www.youtube.com/watch?v=6kdF5OB4kAM

    (Agradece (o Ochoa) que divulguem a bem da poesia e da alegria!)
    Com o meu muito obrigado a Helder Barros amigo de sempre e a Graça Ochoa flhota actriz de meu coração!
    E obrigado também a Ricardo Pinto pelo «palamque...»

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